“Foi com muita tristeza, como cidadão, que eu fui o autor da lei 8.178/2015. Tristeza, por pensar que, em pleno século 21 precisamos legislar contra o preconceito, a discriminação e o ódio”.

A fala acima é do presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba, vereador Matheus Erler (PTB). O enunciado marcou o lançamento do adesivo “Racismo é crime”, que aconteceu na tarde desta terça-feira (22), na Prefeitura de Piracicaba, marcando a parceria com o Conepir (Conselho Municipal de Promoção e Igualdade Racial de Piracicaba) e a Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba).

O adesivo foi criado a partir da lei do parlamentar e será fixado em estabelecimentos comerciais, industriais e órgãos públicos. O evento, que durou cerca de uma hora, reuniu autoridades, militantes e representantes do movimento negro piracicabano e campineiro, no gabinete do prefeito municipal, Barjas Negri (PSDB).

Segundo o diretor de relações institucionais do Conepir, Adilson Abreu, a ideia surgiu na 1ª Conferência da Igualdade Racial e foi solicitada ao presidente da Câmara, que transformou em projeto de lei. “A ação desse adesivo é muito maior do que se pode pensar. Foi um clamor popular, que foi atendido pelo vereador, pela Prefeitura, Acipi e também pelo Sindicato dos Municipais, que se propôs a fixar o adesivo em todos os órgãos públicos”, explicou.

Para fortalecer a campanha, a mais nova edição da revista da Acipi conta com a réplica do adesivo em uma de suas páginas. Para o superintendente da instituição, Sérgio Furtuoso, a entidade cumpriu com seu papel social dentro da comunidade piracicabana. “Infelizmente temos que realizar campanhas pela igualdade. Diálogo e união são necessários para combatermos o racismo e a desigualdade não só na nossa cidade, mas no país”, comentou.

Representando a mulher negra, a militante e cantora Elaine Teotônio comentou sobre a importância da valorização das crianças. “Muitas vezes eu vi crianças chorando ao entender que são lindas por serem negras. Precisamos mostrar o protagonismo que personalidades negras tiveram e tem na história. Sim, é necessário o empoderamento da mulher negra, que por muito tempo lutou por um direito básico: o respeito”, defendeu.  

O presidente do Conepir, Adney Araújo, resumiu o atual momento no mundo como uma “época de muita intolerância religiosa e racial”. Para Araújo, o movimento negro deu mais um passo na linha da educação. “Quando as pessoas falam que Piracicaba é uma cidade racista eu falo que não, pois o racismo está nas pessoas, é preciso uma mudança de raciocínio. Estamos acompanhando o momento de culto ao ódio e ao preconceito nos Estados Unidos. Não podemos generalizar todo um país, ainda mais uma nação que elegeu um presidente negro”, comentou.

O vereador Pedro Kawai (PSDB) também esteve presente no lançamento da campanha. “Piracicaba está dando um passo para a evolução realizando campanhas para coibir atos de racismo, pois mesmo estando no século 21 ainda precisamos mostrar que não tem que existir preconceito. Fico muito feliz com essa ação do Conepir em conjunto com a Câmara de Vereadores, Prefeitura e população. Projetos como esse mostram que Piracicaba está na frente na educação social contra o preconceito”, afirmou o parlamentar.