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24/11/2014 - Piracicaba - SP

Câmara homenageia personalidades no dia da Consciência Negra




da assessoria de imprensa da Prefeitura de Piracicaba

Reunião solene celebra o 20 de novembro, Dia de Zumbi dos Palmares e, sinaliza o centenário de nascimento de Grande Otelo, além de contemplar personalidades locais.

A Câmara de Vereadores de Piracicaba, conforme iniciativa de seu presidente, João Manoel dos Santos (PTB), por força da resolução 07/1999, de sua autoria, realizou na manhã desta quinta-feira (20), às 10h00, nas dependências do salão nobre "Prof. Helly de Campos Melges", a reunião solene que marca na cidade a comemoração do feriado em celebração ao Dia da Consciência Negra, em alusão ao héroi libertário Zumbi dos Palmares, onde foram contemplados cidadãos que se descaram em prol da comunidade negra. E, reverência especial à memória de Grande Otelo.

A solenidade foi transmitida ao vivo pela TV Câmara canal 08 da NET e TV Legislativa Canal 60.1 UHF e internautas, pelo endereço eletrônico www.camarapiracicaba.sp.gov.br  Foram contemplados: Antonio Carlos Benedito (Técnico Laboratório de Anatomia), Jair de Paula Ferreira Júnior (Porteiro), Marcelo Abrahão (Bancário e Sindicalista), Maria Benedita de Moraes Braz (Professora de Educação Infantil - aposentada), Padre Antonio Célio Costa Francisco (Padre da Paróquia Senhor Bom Jesus do Monte) e Sabino José Araújo de Freitas (Gerente Comercial de Loja - Torra Torra). E, homenagem especial que registrou o centenário de nascimento de Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo (in memoriam), ator, comediante, escritor e compositor. Os filhos: Sebastião Bernardes Prata Filho e José Antonio Prata representaram a família.

Na formação da mesa de honra, o presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB); o prefeito municipal Gabriel Ferrato (PSDB); o vereador Luiz Carlos Arruda (PV), que na oportunidade secretariou os trabalhos da solenidade com a leitura bíblica; os vereadores: Laércio Trevisan Júnior (PR), Chico Almeida (PT), José Antonio Fernandes Paiva (PT), Paulo Campos (PROS) e Paulo Camolesi (PV); a presidenta da Sociedade Beneficente Treze de Maio, Conceição Sandoval (Seiça); a representante do Dirigente Regional de Ensino, Fábio Augusto Negreiros, Marilene de Almeida (coordenadora pedagógica) e José Silvestre, presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Treze de Meio e presidente da Associação dos Advogados Criminalistas de Piracicaba e Região, da OAB. Além do presidente do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra de Piracicaba, Eugênio Morato.

Os vereadores: Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), Marcia Pacheco (PSDB), Madalena (PSDB) e Dirceu Alves (PROS) foram representados por assessores. Na abertura da solenidade foi resguardado um minuto de silêncio pelo passamento de Jaime Rosenthal. E, após o Hino Nacional também se executou o Hino à Negritude, de autoria do saudoso Eduardo de Oliveira.

O prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato abriu o ciclo de discursos na solenidade, cumprimentou a todos e, enfatizou a importância de se comemorar esta data, o que propicia uma refleção sobre o preconceito e a discriminação, em torno de questões sobre o que faremos, de um problema que também afeta outros povos.

Também falou da alegria de administrar uma cidade, que deu grandes avanços, como a garantia de cotas no setor público. E, citou atuação da secreraria de Educação, em trabalhos com crianças, que resgatam a história do negro e do índio. Bem como citou a criação do 156, para denúncia de qualquer forma de assunto. Além de citar a atuação do Conepir, em parceria com o Estado, no programa São Paulo contra o racismo.

Ferrato também falou de documento da fundação Seade, sobre mercado de trabalho, onde se aponta as diferenças de remuneração do mercado ao negro, onde se constata finalmente que as diferenças existem, com relação ao mercado de trabalho, por força da questão de escolaridade, o que demonstra as condições de acesso, o que compromete este grupo de cidadãos, dado à origem social inferior, com relação ao rendimento, o que afeta também os pobres em geral.

Reconheceu que também há a questão do preconceito. Reforçou a importância de se olhar as políticas públicas, que devem se voltar para os menos favorecidos. Ferrato também reforçou a preocupação do município com relação à escolaridade, sendo que não basta só isso. Disse que a questão do preconceito está ligada à questão cultural. O apelo é que as novas gerações façam um novo olhar, diferente das outras, que carregaram uma forma de preconceito muito forte. Ferrato também falou da anemia falciforme, onde o município está dando sua contrapartida, o que reforça uma política em favor dos negros.

O autor da solenidade e, presidente da Câmara, João Manoel dos Santos saudou a formação diretiva dos trabalhos, nominando os contemplados, além de estender homenagens aos familiares de Grande Otelo, além de saudação especial à todas as mulheres, bem como citou a ex-funcionária da Unimep, Durvalina, que evidenciou uma história ímpar na instituição. Santos considerou a preocupação do cerimonial para não tornar uma sessão cansativa, no que evidenciou a importância da data, sobre a retomada da consciência, do que é ser negro.

Santos fez uma observação à sociedade, em dados que demonstram que só 6,2% dos piracicabanos se assumem como negros. "É por causa da própria discriminação. O sistema obriga o negro a não se assumir, pois não teve direito a nada, nem teve família, o pai, o filho e todos os demais integrantes da família iam para lados opostos", disse.

Santos também lembrou que a questão negra é suprapartidária. E, mencionou o posicionamento de Nelson Mandela, da África do Sul, que defendeu que os negros no Brasil fossem indenizados. A consideração é que o poder do presidente é limitado, pois decisões maiores dependem do Congresso Nacional. "Queremos muito mais. Não queremos luta corporal e, sim mudar pela caneta", disse, no que cumprimentou os trabalhos locais, da Diretoria de Ensino, com enfoque ao legado histórico da África.

"Queremos ter direito, negro é gente, cidadão, queremos ser melhor tratados. Se viemos para trabalhar, queremos oportunidade. Não queremos favor e, sim conquistar um direito. O valor é ser reconhecido como somos, construtores deste país. Quero lançar o resgate da história de Zumbi, onde negros e brancos viviam juntos, sem desigualdades. Que façamos a partir de hoje o resgate da consciência. Questões climáticas é que fizeram aparecer o negro, branco e o amarelo. Queremos ser respeitados", disse.

Santos também falou da importância da história. "Eu sou negro com muita honra e agradeço a Deus por isso. Que os brancos que nos apoiam nos ajudem", disse.

Santos também rendeu homenagens aos plantadores de cana, após catástrofe que envolveu o hospital, no que surgiu a união para se criar um mecanismo envolvendo 26 cidades.

E, finalizou suas considerações evocando a luta dos ancestrais, para não se cometer equivocos. "Somos contrários a toda e qualquer discriminação, em nome do conselho, do centro de documentação, visto que hoje tem convênio com a secretaria de estado. Qualquer cidadão tem o direito de fazer o que bem entender. Devem denunciar sem medo e errar", disse.

Santos também evocou a memória de José Alexandre (Xandão), que atuou na resistência do negro em Piracicaba, no que reservou um minuto de silêncio pelo seu passamento. Ele foi presidente da Sociedade Beneficente Treze de Maio, faleceu neste ano.

Na sequencia da solenidade foi exibido um vídeo, apresentado pelo cantor e compositor Martinho da Vida, em alusão ao legado de Zumbi dos Palmares, bem como sobre os inúmeros levantes de escravos no Brasil, como a Revolta dos Melês, na Bahia. O vídeo também teve a participação especial de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, contando a sua história de luta, que encontra eco no legado do jornalista e, escritor Luiz Gama. A sequencia do vídeo focou o levante de João Cândido, o Almirante negro brasileiro.

José Sabino, falou em nome dos homenageados e, se afirmou como negro, destacando sua bandeira de luta nos oito anos que está à frente de uma loja que contrata mais de 40 trabalhadores negros, que recebem capacitação de primeiro emprego, com incentivo para que todos estudem. E, reforçou os parabéns a todos, lembrando que a maioria dos dirigentes da loja são negros. Também enfatizou a todos, para ajudar o comércio e, parabenizou a família do jornalista Martim, Cristine, e Martina, no que convidou a todos a conhecer a loja. Voces são vencedores. Citou um pensamento filosófico, de que o amor não se compra e não se vende. Concluiu sua fala ressaltando que sua avó era uma negra índia.

Na parte cultural do evento, se apresentou o Grupo Okami, da oficina cultural do Stúdio 415, sob a liderança da professora Marcinha. O cerimonialista Evandro Evangelista destacou homenagem especial da Câmara de Vereadores, ao abrir suas portas para entrega do Prêmio Conepir - Zumbi, que é uma comenda entregue a todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para a construção de nossa identidade e para uma política afirmativa, seja no campo da cultura, educação, música, trabalho e renda, ou o simples fato de ser um exemplo a outros homens e mulheres negros, posto que o Quilombo dos Palmares resistiu por quase 100 anos e 66 ataques, justo pela unidade de seus cidadãos, na Serra da Barriga e, rígidas normas de sobrevivência e convívio.

"A unidade nos remete à participação e o desenvolvimento, que é o mastro deste e de outros conselhos instituídos Brasil afora. Nossos homenageados são pessoas que formam este elo entre o que somos e o que seremos. Todos os homens e mulheres do Quilombo dos Palmares estarão sempre representados em um de nossos homenageados, haja visto que o nosso trabalho de construção é contínuo. Precisamos preservar a nossa memória para que não se apague jamais os ideais libertários e de resistência que deram a Zumbi o status de líder do povo negro, pois um povo sem memória é um povo sem história', registrou o cerimonialista em nome do Conepir.

O contemplado deste ano foi Jair de Paula Ferreira Junior, que recebeu os cumprimentos do presidente da Conepir, Adnei Araújo. Na sequencia da solenidade, a Câmara registrou momento especial para reverenciar a memória de Grande Otelo. E, considerou que em diversos países e, em diversos municípios brasileiros e no meio artístico já se vê a mobilização em torno do centenário de um grande artista, afinal é uma data importante para a cultura.

Diversas secretarias da cultura, em esferas municipais e estaduais, o Ministério da Cultura, a embaixada da França e, algumas empresas de TVs e companhias de teatro, estão preparando as festividades. Porém, a Câmara de Vereadores de Piracicaba, dá introdução ao centenário do Grande Otelo, que será comemorado em 2015.

Conforme informação da família, a Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz, preparou uma grande homenagem a Grande Otelo, no desfique da Marques de Sapucaí, para o próximo ano, onde será comemorado os 100 anos daquele que viverá sempre na história da arte no Brasil.

O filho de Grande Otelo, José Antonio Prata falou da alegria da família em receber a homenagem e, citou o "monstro sagrado" que seu pai foi. Também lembrou da luta do ator em Brasília e a repercussão mundial que seu trabalho alcançou. E, em tom de crítica, falou de luta que deve ser empreendido por todos para se refazer o que sempre foi dito do negro nas escola. Lembrando que na escola sempre o negro foi submisso. E, lançou o desafio de se recolher todos os livros das escolas. Disse que a culpa não está nas crianças e, sim numa mudança que ainda não foi feita. "Vamos ensinar o certo pra que no futuro possamos acreditar na verdade", disse.

No encerramento da solenidade o vereador João Manoel agradeceu o empenho do jornalista Firmino Neto no resgate da história de Grande Otelo e, ponderou o significado marcante do gesto da fundadora do Colégio Metodista em Piracicaba, Martha Wats, como a primeira a libertar uma escrava, sua empregada Flora; além de reverenciar a memória de Dona Arduce de Aguiar, precursora do movimento social que resultou na criação do Sindicato das Doméstica e, de leis federais que garante direitos básicos destas cidadãs.

GRANDE OTELO - Nascido em Uberlândia, em 18 de Outubro de 1915, sua trajetória de vida foi marcada pela superação de tragédias, pobreza e preconceitos. Seu pai morreu esfaqueado e a mãe era cozinheira que sofria com o alcoolismo. Sebastião transformou toda esta história em oportunidade quando fugiu com uma companhia de teatro mambembe que passava por Uberlândia e foi adotado pela diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo.

Consagrou-se como ator, comediante, cantor e compositor. Participou de diversos filmes brasileiros de sucesso, com destaque para as famosas comédias nas décadas de 1940 e 1950, que estrelou em parceria com o cômico Oscarito, e a versão cinematográfica de Macunaíma, realizada em 1969. A partir dos anos 1960, Otelo foi contratado pela TV Globo, onde atuou em várias novelas de grande sucesso. Também trabalhou no humorístico “Escolinha do Professor Raimundo” no início dos anos 90 e seu último trabalho foi uma participação na novela Renascer. O ator morreu em 1993 quando viajava para Paris para uma homenagem no Festival de Nantes. Vítima de um ataque do coração fulminante, Grande Otelo deixou cinco filhos.



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