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12/11/2013 - Piracicaba - SP

Câmara discute efeitos negativos dos presídios




da assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Piracicaba

A deputada estadual Ana Perugini fará defesa de seu projeto em ações compensatórias frente aos efeitos negativos das unidades prisionais.

A Câmara de Vereadores de Piracicaba, conforme inicitiva do vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), no Requerimento (1303/13) aprovado na reunião ordinária de ontem (11) assegurou a suspensão do expediente da reunião Ordinária do dia 2 de dezembro de 2013, pelo tempo de até 30 minutos, a fim de possibilitar que a Deputada Estadual Ana Perugini (PT) faça uma explanação sobre o Projeto de Lei 556 de 2007, de sua autoria, que estabelece a obrigatoriedade da execução, pelo Estado, de ações compensatórias e de minimização dos efeitos negativos gerados por unidades prisionais nos municípios onde são instaladas, bem como da elaboração de estudos prévios de seus impactos.

PROJETO

O projeto estabelece a obrigatoriedade da execução, pelo Estado, de ações compensatórias e de minimização dos efeitos negativos gerados por unidades prisionais nos municípios onde são instaladas, bem como da elaboração de estudos prévios de seus impactos.

Torna-se obrigatória a execução, pelo Estado, de ações mitigatórias e mecanismos compensatórios, visando a minimizar os efeitos dos impactos negativos gerados por unidades prisionais estaduais, sobre a vida da população afetada e sobre os limites de sustentabilidade social, econômica, ambiental e da oferta de serviços públicos nos Municípios onde estão ou venham a ser instaladas, com fundamento em Estudos e Relatórios de Impactos Sociais e Ambientais.

Serão fixadas em termo de compromisso firmado através de convênio entre o Estado e o Município, geridas por órgão técnico colegiado com representação paritária entre Estado e Município, com a participação do Ministério Público local, prestadas nas seguintes modalidades: compensação financeira inclusive para perdas de receitas municipais e diminuição das atividades econômicas; ampliação da oferta de serviços públicos de responsabilidade do Estado, especialmente, saúde, educação e segurança pública; transferência de recursos estaduais para atender ao aumento de demanda por serviços de competência e executados pelo Município e, medidas mitigatórias e de adequação da unidade prisional às sugestões propostas no estudo e licenciamento.

As medidas compensatórias e mitigatórias não excluem a obrigação de atender às condições definidas nos processos de licenciamento ambiental, bem como as demais exigências legais e normativas.

O montante dos recursos destinados pelo Estado para a compensação ao Município pelos impactos negativos, não poderá ser inferior a 1% ( um por cento) dos custos totais previstos para a implantação e, anualmente, a 0,5% (meio por cento) das despesas totais da respectiva unidade prisional.

A construção, instalação e funcionamento de unidades prisionais no Estado, dependem de licenciamento ambiental e da elaboração e aprovação de Estudo prévio de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – EIA-RIMA. Requeridos nos termos legislação ambiental.

Sem prejuízo das exigências previstas na legislação ambiental, o Relatório conterá, obrigatoriamente: as ações a serem desenvolvidas pelo Estado, como contrapartida ao Município, para a minimização dos impactos negativos, imediatos, temporários e permanentes, identificados e a estimativa dos recursos a serem transferidos, anualmente, pelo Estado ao Município como compensação financeira.

A aprovação do relatório de impactos depende da realização de audiências públicas para análise, esclarecimento de dúvidas, acolhimento de críticas e sugestões, com a participação da população afetada, realizadas pelo Estado e o Município.

Correrão à conta do Estado todas as despesas e custos referentes ao estudo. O licenciamento ambiental e a elaboração do Estudo e Relatório não substitui a elaboração e a aprovação do Estudo prévio de Impacto de Vizinhança – EIV, requerido nos termos da lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto das Cidades.

Para os efeitos dessa lei considera-se impacto qualquer alteração, benéfica ou negativa, de pequena ou de grande expressão, imediata ou de médio e longo prazos, direta, temporária ou permanente, decorrentes direta ou indireta, temporária ou permanente, decorrentes direta ou indiretamente da instalação no território do município de unidades prisionais e que afetem:

1. O desenvolvimento urbano e as funções sociais da cidade;

2. a educação, a saúde, a segurança e a qualidade de vida da população residente no município e nas proximidades da unidade prisional;

3. as atividades sociais e econômicas locais;

4. as condições de saneamento, abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino de efluentes, coleta e destinação de resíduos e a limpeza pública;

5. a capacidade econômica e financeira do Poder Público local, da infra-estrutura e da oferta de serviços públicos no município sede da unidade prisional suportar o acréscimo de demanda e de despesas resultante da implantação da unidade prisional;

6. a paisagem, o patrimônio cultural e potencial turístico;

7. as condições de riqueza, emprego, longevidade, mortalidade e vulnerabilidade social da população residente;

8. o Plano Diretor, a política urbana, a ordenação, controle e uso do solo, bom como a  oferta de moradia;

9. o adensamento populacional, a alteração da população flutuante, a valorização imobiliária e a demanda por serviços públicos;

10. o ambiente natural e construído.

A falta de cumprimento de qualquer das determinações desta lei importa crime de responsabilidade, a que estão sujeitos o chefe do Poder Executivo e seus subordinados diretos responsáveis pela implementação dos referidos projetos, independentemente das demais sanções civis e penais cabíveis ao caso.

Os Estudos de Impactos Sociais Ambientais, bem como a execução das ações mitigatórias e das compensações necessárias neles identificadas, deverão ser realizadas pelo Estado, no prazo máximo de 12 (doze) meses, no caso das unidades prisionais existentes, em construção ou sem processo de planejamento e implantação, na data de publicação desta lei.

JUSTIFICATIVA

Na justificativa do projeto, a Deputada Ana Perugini considera que a violência urbana e a sensação de insegurança gerada pelo alto grau de impunidade são problemas que afligem toda a população brasileira, sendo que uma das formas de combater a violência é garantir que os criminosos sejam rapidamente presos. "Infelizmente os presídios brasileiros são verdadeiros depósitos de presos que, ao contrário de promover a reintegração dos detentos à sociedade, apenas os encaminham para um aprofundamento no mundo do crime", relata.

A parlamentar também reconhece que a construção de novas penitenciárias é necessária. Entretanto, quase ninguém deseja que elas sejam construídas perto de seus lares. Os municípios, para evitar que sejam sede de estabelecimentos prisionais, quase sempre argumentam que a responsabilidade pelos presídios é estadual e não municipal. E, destaca que existem municípios que vêm contribuindo para um melhor sistema de segurança, ao permitir a construção de presídios. Essa iniciativa acarreta aumento dos encargos sociais de suas economias.

Como conseqüência, cita várias empresas que transferem-se para outras localidades. O valor dos imóveis situados nas proximidades dos complexos prisionais despenca e nenhum empresário se aventura a instalar seus projetos nessas áreas. Esses problemas, vêm ocorrendo sem que os governos estaduais ofereçam uma compensação financeira pelo aumento da demanda pelos serviços públicos municipais.

Também avalia que a possibilidade de fugas, motins, resgates e a nefasta influencia de comparsas livres é que dão o tom da insegurança percebida pelos munícipes. Reconhece ser evidente também que a presença de um presídio implica em desvalorização imobiliária da área adjacente. Outro fator prejudicial é quanto ao potencial turístico de determinada cidade ou região vir a ser afetado pela presença de presídios.

Perugini mosta que há diversos segmentos da sociedade, nos municípios que sediam esses unidades que tem se manifestado reivindicando que o Estado crie algum mecanismo compensatório, por ceder território à construção e instalação das indesejáveis unidades prisionais e correcionais.

O entendimento é de que o Estado de alguma forma tem que compensar os municípios que abrigam essas unidades prisionais, seja construindo, em contrapartida, escolas bem equipadas, lembrando o que dizia Voltaire “ Quem abre uma escola fecha uma prisão”, delegacias de policias com maior contingente efetivo  para dar mais segurança à população local; melhorias na infra-estrutura e transporte local; construção de hospitais e postos de saúdes; iluminação pública; saneamento básico e melhorias nas mais  diversas áreas que a população  local julgar necessária.

As decisões a respeito da implementação das medidas compensatórias deverão se sujeitar à opinião pública da localidade,  devendo assim  a população local dizer qual melhor meio de compensá-las, através de reuniões públicas para que haja transparência nas decisões do Conselho.

"Assim, a instituição de medidas compensatórias à instalação de estabelecimento penal é uma forma de atenuar os efeitos da existência de uma obra que, no mais das vezes, não é bem vinda pela população", defende a parlamentar.



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